Por Redação | Portal de Notícias Zoom | Foto: Reprodução
Imagine viver décadas ao lado de um mistério silencioso. Em 2008, uma descoberta estarrecedora em Zagreb, capital da Croácia, revelou ao mundo uma história de solidão extrema, negligência social e abandono: o corpo mumificado de uma mulher foi encontrado 42 anos após sua morte, com a televisão ainda ligada.
A mulher era Edvigia Golik, enfermeira nascida em 1924. Ela vivia sozinha em um apartamento de apenas 18 metros quadrados, no sótão de um prédio de quatro andares. Conhecida por seu comportamento recluso, Edvigia evitava contatos sociais e sequer descia até a rua para conversar com vizinhos. Em vez disso, usava um balde preso a uma corda para enviar sua lista de compras, que os vizinhos atendiam sem jamais ver seu rosto.
Após seu desaparecimento, os moradores chegaram a cogitar que ela havia se mudado ou aderido a algum grupo religioso. No entanto, ninguém investigou a fundo. Somente mais de quatro décadas depois, quando as autoridades forçaram a entrada no apartamento, a chocante cena foi revelada.
Edvigia estava deitada na cama, coberta com cobertores, uma xícara de chá ao lado e a televisão ainda ligada — um retrato congelado no tempo. O ambiente estava intacto: teias de aranha por todos os cantos e nenhum sinal de invasão desde sua morte.
A autópsia não conseguiu determinar a causa exata do falecimento, mas indicou que ela morreu durante o inverno europeu, o que favoreceu a mumificação natural do corpo. A tragédia só veio à tona porque o prédio, já antigo, seria reformado.
O caso gerou comoção internacional. Veículos como The Guardian e The New York Times destacaram o episódio como símbolo do isolamento nas grandes cidades e da quebra dos vínculos comunitários. Já o Daily Telegraph revelou um dado ainda mais inquietante: todas as contas do apartamento vinham sendo pagas, por décadas, por um antigo arquiteto do prédio, que faleceu em 2005.
O caso de Edvigia Golik não é apenas uma tragédia pessoal. É um espelho do nosso tempo, em que a solidão urbana pode esconder dramas profundos bem ao lado da porta — sem que ninguém perceba.