Redação | Zoom TV
A Câmara Municipal de Pojuca iniciou, nesta semana, a análise do Projeto de Lei Complementar nº 003/2025, enviado pelo Poder Executivo, que propõe alterações na Lei Complementar nº 002/2017, responsável por instituir o Código Tributário e de Rendas do Município.
A Prefeitura afirma que o objetivo central é adequar a legislação municipal à realidade econômica atual, bem como harmonizar o texto local às decisões recentes do STF e do STJ, evitando riscos jurídicos para o município. Já a bancada de oposição, representada pelo vereador Betão, contesta a forma e o conteúdo da proposta, classificando o projeto como “complexo, sensível e apresentado em regime de urgência sem diálogo com a sociedade”.
O que diz o Projeto de Lei enviado pela Prefeitura
Segundo a mensagem oficial enviada pelo prefeito Luizinho Trinchão, o PLC 003/2025 tem quatro eixos principais:
1. Adequação às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)
A proposta limita multas tributárias, seguindo decisão nacional que considerou inconstitucionais penalidades superiores a 100% do tributo devido — ou 150% em caso de reincidência.
2. Adequação às decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
O PL altera regras sobre a cobrança do ISSQN na construção civil, proibindo o abatimento de 40% de materiais da base de cálculo, conforme já decidido pelo STJ de forma vinculante.
Na prática, a base de cálculo passa a ser o valor total do serviço, exceto quando houver materiais tributados pelo ICMS.
3. Modernização da cobrança e fiscalização
O texto cria o Domicílio Tributário Eletrônico (DTE), permitindo que notificações e intimações fiscais ocorram de forma digital.
4. Alterações em multas, funcionamento comercial e TFF
O projeto:
- atualiza penalidades aplicadas à Taxa de Fiscalização de Funcionamento (TFF),
- estabelece multas para empresas sem alvará, com alvará vencido ou que prestem informações falsas,
- define critérios de reincidência e procedimentos de fiscalização.
Para o Executivo, essas mudanças dão segurança jurídica, aumentam a eficiência fiscal e modernizam o sistema tributário municipal.
Base aliada defende o Projeto de Lei
O vereador Robe de Florzão, presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, informou que o projeto de lei tem como objetivos:
- corrigir distorções no atual Código Tributário,
- evitar prejuízos ao município, que poderia ser acionado judicialmente por contribuintes,
- e modernizar as ferramentas de cobrança, alinhando Pojuca ao padrão nacional.
Conforme a vereadora Gerusa Laudano, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a gestão municipal comunicou, por meio de documento encaminhado ao Legislativo, que reduzirá o percentual estabelecido no código anterior de 200% para 100%, medida que não trará prejuízos à população.
Os parlamentares também afirmam que a aprovação em regime de urgência é justificável porque as decisões do STF e STJ já estão em vigor, exigindo adequação imediata para evitar risco jurídico e insegurança fiscal.
O contraditório: análise técnica da equipe do vereador Betão critica projeto e alerta para riscos
A equipe jurídica e técnica do vereador Betão (oposição) produziu um parecer detalhado, apontando divergências e preocupações sobre o PLC 003/2025.
Entre os principais pontos, destacam-se:
1. Ausência de debate público
- O parecer critica a escolha do regime de urgência, afirmando que “o Executivo teve todo o ano de 2025 para discutir o tema com comerciantes, contadores, construtores, setor produtivo e a sociedade”.
- Para a equipe técnica, mudanças tributárias “impactam diretamente a vida da população e não podem ser tratadas como pauta de fim de ano”.
2. Aumento de carga tributária
- O documento aponta que extinguir a dedução de 40% no ISS da construção civil eleva o custo final das obras, podendo gerar:
- aumento no preço de imóveis,
- queda na atividade da construção,
- redução de empregos no setor.
3. Multas consideradas “severas”
- Segundo a análise, apesar de a Prefeitura afirmar que está reduzindo penalidades para se adequar ao STF, alguns dispositivos do projeto instituem novas multas, especialmente relacionadas à TFF.
4. Falta de estudos de impacto
- O parecer afirma que nenhum estudo econômico ou fiscal foi apresentado pela Prefeitura:
- nem estimativa de aumento de arrecadação,
- nem impacto sobre empresas e contribuintes.
5. Risco político-administrativo
- A equipe de Betão interpreta o envio do projeto como “uma tentativa de aprovar mudanças profundas no apagar das luzes do ano, sem transparência e sem ouvir a sociedade”.
Betão reforçou que não se opõe a modernizações, mas defende que mudanças tributárias devem ser amplamente debatidas. “O relatório da minha equipe aponta aspectos positivos e negativos no projeto de lei. Minha preocupação é que a pressa na tramitação, no final do período legislativo, leve a Câmara a criar uma tarifa comparável à taxa de esgoto aprovada em condições semelhantes pela legislatura anterior, tornando-se um cavalo de troia.”
Próximos passos
O Projeto de Lei Complementar nº 003/2025 seguirá para:
- Análise das Comissões Permanentes,
- Pareceres jurídicos,
- Discussão e votação em plenário.
A expectativa é que a matéria avance ainda nas próximas semanas, devido ao pedido de urgência solicitado pelo prefeito.
A equipe do Portal Zoom TV continuará acompanhando os desdobramentos na Câmara Municipal.









