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CPI das Bets: influenciadores, streamers e os perigos escondidos por trás do negócio bilionário

Fonte: Zoom TV

A discussão sobre o papel das casas de apostas no Brasil voltou a ganhar força nesta semana, com uma série de acontecimentos envolvendo nomes de peso da internet e o avanço das investigações da CPI das Apostas Esportivas — também conhecida como CPI das Bets. Um dos episódios mais comentados foi o depoimento da influenciadora Virgínia Fonseca, que defendeu sua participação em publicidades de plataformas de apostas, alegando que sempre priorizou empresas regulamentadas. “Não estou fazendo nada fora da lei […] Se realmente faz tão mal para a população, então proíbe tudo”, disse, durante a sessão.

A fala de Virgínia ocorreu em um momento de grande tensão pública, impulsionada pela “treta das apostas” que também envolveu dois dos maiores streamers do Brasil: Felca e Luqueta. Durante uma live transmitida a milhares de pessoas, os criadores de conteúdo discutiram sobre a ética de promover plataformas de apostas. Felca afirmou ter recusado uma proposta de R$ 50 milhões para publicidade, criticando quem aceita esses contratos, enquanto Luqueta defendeu que, estando dentro da legalidade, o trabalho deve ser respeitado.

Em meio às declarações, o que vem à tona é uma questão mais profunda: a das consequências reais dessa indústria no cotidiano das pessoas. Embora a regulamentação tenha avançado com a Lei 14.790/2023, que define diretrizes para o funcionamento de sites de apostas no país, a fiscalização e a conscientização ainda caminham a passos lentos. O governo exige agora licenciamento e mecanismos de proteção ao jogador, mas muitas plataformas continuam operando à margem da lei.

Além dos riscos diretos, como plataformas que manipulam resultados ou tornam impossível o saque de ganhos, o impacto social é profundo. Especialistas alertam para o aumento dos casos de vício em apostas, um problema que vem sendo tratado como epidemia em alguns países. Endividamento, ansiedade, depressão e até casos de suicídio têm sido associados ao jogo patológico. Muitas destas empresas investem pesado em propaganda, usando rostos famosos para associar a aposta a uma vida de luxo e facilidade, mas a realidade para a maioria dos usuários é um caminho de perdas e frustrações.

A correlação entre streamers e o crescimento desse mercado é inegável. Em plataformas como Twitch e YouTube, muitos destes influenciadores realizam lives inteiras apostando, criando um ciclo de normalização do jogo online. Jovens e adolescentes — principal faixa do público destes canais — acabam experimentando essas plataformas influenciados pela rotina dos criadores. Além disso, a sensibilidade dos algoritmos faz com que as propagandas cheguem cada vez mais cedo aos usuários, em formato de brindes, bônus, ou narrativas de “sucesso fácil”.

Os reflexos disso também chegam ao Congresso, com deputados e senadores defendendo um controle mais duro sobre as casas de apostas e seus parceiros. Ao mesmo tempo, muitos setores econômicos veem na indústria do jogo uma nova fonte de arrecadação e emprego, o que gera um conflito entre liberdade de mercado e proteção social.

Enquanto isso, a treta continua nas redes sociais, com vídeos viralizando, memes se espalhando e o debate ganhando corpo. A questão, porém, é séria e exige discussão aprofundada: até onde vai a responsabilidade de quem promove, e qual o limite entre entretenimento e exploração financeira? Em tempos de exposição digital e propagandas encapsuladas em carisma, a escolha de quem seguir e em quê acreditar nunca foi tão crucial.

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