EUA afirmam que prisão de Bolsonaro é um gesto político e provocação diplomática, diz advogado de Trump

Ligado a discussões internacionais sobre sanções e interlocutor frequente de figuras próximas a Donald Trump, o advogado Martin De Luca, que integra a defesa do ex-presidente americano, concedeu entrevista exclusiva à coluna Entrelinhas e ao programa Sem Rodeios, do portal Gazeta do Povo. Ele falou sobre o clima de medo no Brasil após a prisão de Jair Bolsonaro, o papel dos Estados Unidos, os limites da Lei Magnitsky e as possíveis consequências para autoridades brasileiras.De Luca é categórico ao afirmar que o cenário institucional brasileiro tem chamado a atenção do governo americano — especialmente após a prisão de Bolsonaro e a atuação do ministro Alexandre de Moraes. No entanto, alerta: não haverá auxílio estrangeiro se o próprio povo brasileiro não se posicionar.
“Há razões suficientes para ter medo. Mas, eventualmente, o medo tem que ser superado. Se não, você fica pedindo para um governo estrangeiro resgatar o país. Os Estados Unidos não podem salvar o Brasil se os brasileiros não estão dispostos a salvar o Brasil primeiro.”
Segundo De Luca, Donald Trump adotou medidas concretas para expor os abusos institucionais no Brasil, inclusive aplicando sanções e promovendo discussões internacionais sobre violações à liberdade e perseguição política.
“O presidente Trump fez muitas coisas que ninguém teria imaginado. Sancionaram quem tinha que ser sancionado — talvez tenham mais. Depois disso, ninguém no planeta Terra ficou sem saber o que estava acontecendo com Alexandre de Moraes e os abusos sistêmicos que ele teria gerado.”
Para ele, agora a responsabilidade recai sobre o Congresso Nacional, e também sobre a sociedade civil:
“O Congresso tem votos para o impeachment de Alexandre de Moraes. Tem votos para a lei da anistia. O que fizeram até agora?”
O advogado destacou a repercussão internacional do caso e afirmou que o gesto de Moraes, ao argumentar risco de fuga citando a proximidade da casa de Bolsonaro à Embaixada dos EUA, foi interpretado como provocação diplomática.
“Citar geografia como agravante é absurdo. Da mesma forma, citar vigília religiosa. São excessos feitos para provocar.
Segundo ele, os Estados Unidos enxergam um alinhamento entre Moraes e o governo Lula:
“A percepção no exterior é de que Alexandre e Lula estão coordenados. Trabalham em time. É pouco provável que Alexandre tenha feito isso unilateralmente.”
De Luca afirmou que nenhuma autoridade alvo de sanções passa ilesa, apesar de discursos públicos que minimizam os efeitos.
“Ninguém vai te dizer, na privacidade, que a vida continua normal após ser sancionado. Existem custos massivos e esforços altíssimos para remover essas sanções.”
Questionado sobre possíveis alvos, como o senador Davi Alcolumbre e o deputado Hugo Motta, ele não confirmou nomes, mas destacou que ações que obstruem o funcionamento do Congresso podem configurar violações graves:
“Se você deliberadamente obstrui o funcionamento das instituições democráticas para impedir que o Congresso vote como a população espera, isso é gravíssimo.”
Sobre Gilmar Mendes, ele foi direto:
“Ele é um ator político. A ideologia dele e o desprezo pela imparcialidade são amplamente conhecidos. Cabe ao Brasil decidir se suas instituições funcionam.”
De Luca afirmou que vê mais retórica do que ação concreta na política externa brasileira. E destacou a contradição entre a postura pública de Lula e os resultados práticos:
“Lula tem longo histórico de apoiar atores internacionais não desejados, como Maduro ou o Irã, mas é muito discurso. Não vejo apoio concreto. É tudo para as redes sociais.”
Na avaliação de Martin De Luca, o mundo está consciente da crise institucional enfrentada pelo Brasil. Mas a iniciativa final, jurídica, política e cívica, terá que partir dos próprios brasileiros.

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