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É revoltante, é simplesmente revoltante! Após anos de espera por um teto, por um mínimo de dignidade, centenas de famílias em Pojuca são cruelmente enganadas. Os conjuntos habitacionais Everaldino Guimarães e João Assis, entregues com pompa e circunstância no início de agosto, não passam de um logro, uma farsa construída sobre alicerces podres. O que se vê não são lares, são cenários de abandono e total desrespeito com o cidadão. Como é possível que em pleno século XXI, um programa governamental como o Minha Casa, Minha Vida se transforme nesse pesadelo?
As chuvas que caíram sobre a cidade não trouxeram alívio; trouxeram à tona a verdade nua e crua: rachaduras sinistras, infiltrações que corroem as paredes e casas transformadas em piscinas de desespero. Mas o cúmulo do absurdo, a face mais perversa dessa tragédia, é a falta de água. ÁGUA! Um direito humano básico, elementar! Os moradores são submetidos a um regime de tortura hidráulica, com o líquido precioso chegando esporadicamente, uma vez por semana, e muitas vezes no silêncio da madrugada. É uma zombaria.

O desabafo da moradora da Rua D, que preferiu não se identificar, corta a alma e expõe a brutalidade dessa situação. Lavar uma simples roupa torna-se um drama, um privilégio inalcançável. E a conta, essa chega pontualmente, um insulto final.
“Aqui caiu água na segunda-feira, e até hoje nada. Dizem que vai chegar hoje, né? Tô com esperança, porque preciso lavar roupa, e tá difícil. Quando vem, vem pouca, e quando vem a conta, a gente leva um susto. Tá tudo caro. Espero a Deus que hoje chegue, porque tô necessitada. Tenho filha pequena, e é complicado.”
A justificativa da Embasa, culpando a queda de energia devido às chuvas, é uma piada de mau gosto. Os moradores sabem, e nós sabemos, que o problema é crônico, estrutural. O áudio do preposto da empresa é a materialização da indiferença: um discurso burocrático e vazio que joga a responsabilidade para as nuvens, enquanto as pessoas definham no chão, na poeira, no calor insuportável.
“Não adianta esse tipo de manifestação, porque eu não tenho como controlar a energia. Vocês sabem que choveu muito. Quando acontece isso, falta energia na captação, e não tem como abastecer todo mundo. Ontem fizemos a manobra, mas a água não chegou para todos. Vamos repetir hoje novamente.”
Isto é inaceitável! Onde está o poder público? Onde estão as autoridades que cortaram a fita inaugural e posaram para as fotos? É assim que se trata a população? Com migalhas podres e promessas vazias? Estas famílias não pediram ouro, pediram o básico: um lar digno. Receberam quatro paredes condenadas e a angústia diária da sede. Esta não é apenas uma falha na entrega; é uma violação de direitos, um crime de negligência que clama por justiça e por uma solução imediata. O povo de Pojuca merece mais do que esmolas mal-acabadas. Merece respeito.










