O sol, ou a chuva, ou aquela mistura climática indecisa que parece uma metáfora para a gestão pública, brilhava – ou não – sobre o centro de abastecimento de Pojuca. Cenário perfeito para o trio de arautos da fofoca política, os justiceiros de barraca de feira que desvendam os mistérios municipais com a precisão de um tiro de estilingue. Senhor X9, com seus óculos de cameló que mais pareciam tampas de panela usadas, ajustava o boné como um espião de filme. Dona Boca de Urna, a sumidade das fofocas, dava o ar de sua graça somente quando a fofoca estava no ponto de fervura. E Seu Zangado, é claro, já resmungava como um motor de fusca a diesel, preocupado não com o destino da nação, mas com o preço do quiabo e a ausência da colega.
Cadê Dona Boca de Urna?
Seu Zangado chegou reclamando, como sempre:
— X9! Cadê Dona Boca de Urna? Ela é a primeira a chegar, parece que dorme na barraca da fofoca!
Senhor X9, ajeitando os óculos escuros de camelô (duas tampas de panela sobre o nariz), respondeu:
— Se avexe não, meu parceiro de pecado verbal! Dona Boca foi cobrir a inauguração da Areninha, aquela obra que custou mais de R$ 1 milhão e levou três anos pra sair do papel.
Zangado soltou um resmungo:
— Pensei que ia ficar só na promessa, igual a ponte Salvador-Itaparica! E Jerônimo? Soube que nem deu as caras, né? Pegou mal pra ele!
X9, com seu sarcasmo habitual, rebateu:
— Ora, homem! O ano que vem tem eleição… é tempo de tapear a turma cega!
Foi quando Dona Boca de Urna surgiu no horizonte, abanando a sacola vazia e gritando:
— Ôh meus parceiros do diário da fofoca! Eu chego com notícia quente!

A Areninha e a Casta Dourada
X9, curioso, perguntou:
— E então, minha repórter do além, como foi a inauguração da Areninha?
Dona Boca abriu um sorriso:
— Eita, homem! Bonita ficou, viu? Mas parecia desfile da nova nobreza pojucana! Os secretários e superintendentes tavam tudo de camisa branca com tarja dourada no peito, parecendo “anjos da gestão celestial”! kkkkk
Trecho que viralizou na feira:
“De um lado, os iluminados de branco e dourado; do outro, os mortais simples. Parecia o filme Nosso Lar misturado com Umbral!”
Seu Zangado, com cara de poucos amigos, rebateu:
— Besteira! Desde quando é proibido secretário usar farda?
Dona Boca, com dedo em riste, retrucou:
— Eu disse que era proibido, foi? Só disse que parecia desfile de anjo e plebeu! Aqui nóis não inventa, nóis traduz! kkkkk
X9, gargalhando, concluiu:
— Dona Boca tem razão. Em Pojuca, até o figurino é político!
A Sessão que Sumiu
Quando o assunto parecia esfriar, veio a bomba da semana:
a sessão ordinária da Câmara de Pojuca foi cancelada por falta de quórum.
X9 explicou:
— Dizem que a vereadora Gerusa ficou retada porque os colegas demoraram pra entrar no plenário. Sem metade mais um dos vereadores, a sessão foi suspensa. Regimento é regimento!
Dona Boca soltou a risada que ecoou na feira inteira:
— Kkkkk! Em Pojuca, até o silêncio dá audiência!
Trecho comentado nas redes:
“Sessão que não aconteceu, mas deu mais assunto que a que acontece.”
A Tarifa da Embasa e a Sessão Fantasma
Entre uma coxinha e um caldo de cana, o trio virou o foco pra pauta que doeu no bolso do povo:
A tarifa de esgoto da Embasa
Dona Boca sussurrou:
— O povo tá revoltado, viu? O vereador Betão fez uma live dizendo que a Embasa começou a cobrar tarifa até nos condomínios do Minha Casa, Minha Vida!
Seu Zangado, desconfiado, perguntou:
— Xiii… E será que foi por isso que cancelaram a sessão? Pra não dar confusão?
X9, com ar de detetive da fofoca, completou:
— Hum… talvez. Afinal, esse aumento foi aprovado lá em 2019, quando o então presidente Fábio das Virgens desenterrou um projeto que já tinha sido arquivado. Agora a conta chegou… e não foi só a da Embasa!
Trecho destacado:
“Em Pojuca, até a água tem lembrança. E juros da legislatura passada.”
Final – Filosofia de feira
O sol já estava prá lá do meio dia, o cheiro de churrasquinho de gato dominava o ar, e o trio encerrava mais um capítulo do Fofocalipse, entre risadas e resmungos.
Dona Boca, orgulhosa, sentenciou:
“Aqui nóis não inventa, nóis traduz!”
E assim, mais uma vez, o Centro de Abastecimento de Pojuca se consagra como o palco onde a política é contada sem paletó, sem filtro e com tempero de feira.
Porque em Pojuca, meu amigo, a fofoca é pública — e o humor é o único remédio que ainda não foi taxado.










