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A inteligência artificial generativa (IAG) está se mostrando uma força transformadora no cenário econômico brasileiro, com impactos significativos na força de trabalho. De acordo com um estudo da LCA 4Intelligence, 31,3 milhões de trabalhadores no Brasil podem ser afetados por essa tecnologia, representando 30,6% do total ocupado no primeiro trimestre de 2025. Desse número, 5,5 milhões correm o maior risco, equivalente a 5,4% dos trabalhadores.
Comparada a outras tecnologias revolucionárias, a IAG é vista como capaz de mudar profundamente os modos de trabalho, não necessariamente substituindo postos de trabalho, mas alterando suas dinâmicas. Esta mudança é considerada mais uma transformação do que uma simples substituição, conforme indicado pela OIT e especialistas consultados. A IAG promete aumentar a eficiência e a produtividade, mas também traz riscos de desigualdade.
A tecnologia, embora promissora, apresenta incertezas quanto ao seu exato no mercado de trabalho no futuro. No entanto, é evidente que a Inteligência Artificial (IA) está consolidada e sua integração no cotidiano profissional será cada vez mais significativa nos próximos anos. Segundo Brunomaizumi, responsável pelo estudo, a maioria das ocupações envolve tarefas que ainda requerem intervenção humana, indicando que a transformação dos empregos será o impacto mais provável da IA generativa, em vez da automação total.
Para medir esse impacto, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) desenvolveu, em 2023, um indicador global de exposição de ocupações à IA generativa, baseado no potencial de automação de tarefas. Em maio, a OIT lançou uma nova edição do indicador, com metodologia aprimorada, inclusive com auxílio da própria IA generativa. O índice classifica as ocupações em quatro graus de exposição à IA generativa: gradiente 1, com menor nível de impacto; gradiente 2; gradiente 3; e gradiente 4, com maior extensão desse efeito. Além disso, o indicador identifica a parcela dos trabalhadores sem exposição ou com exposição mínima. Além do grau de exposição, o indicador também calcula a probabilidade de influência dentro de cada ocupação, avaliando se essa influência é mais ou menos espalhada.
Imaizumi utilizou essa metodologia para alcançar resultados específicos para o Brasil, analisando microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso brasileiro, foram incluídas 435 ocupações, classificadas por níveis de exposição.
Um aspecto notável nos resultados do estudo é que, quanto maior o grau de instrução, maior a exposição do trabalhador. O filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, produzido há quase um século, é frequentemente usado como referência para discutir a substituição de tarefas rotineiras por tecnologias. No entanto, os dados mostram que, mesmo ocupações mais complexas, estão sujeitas a essas transformações.
“A IA generativa é uma tecnologia revolucionária, assim como a máquina a vapor, a energia elétrica, a computação e a internet. É uma realidade atual. Quando se fala de tecnologia no mundo do trabalho, muitas vezes se pensa apenas na substituição de tarefas rotineiras e repetitivas. Isso faz parte da IA generativa, mas é muito mais amplo. É difícil imaginar uma ocupação que não seja afetada”, explica o professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo.
No estudo da OIT, há detalhamento sobre a qualificação do trabalhador. Entre os mais qualificados, 13,1% estão no maior nível de exposição à IA generativa, contra 0,8% dos menos qualificados. Países com maior renda e proporção de trabalhadores mais qualificados apresentam índices mais altos nos níveis de risco mais elevados.
Fonte: Portal Valor