Foto: Pixabay – Fonte: Jornal A Tarde
A violência contra idosos na Bahia atinge proporções alarmantes, refletindo uma realidade cruel e muitas vezes invisível. Nos primeiros quatro meses de 2025, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) registrou 3.221 casos de violência, um número significativamente menor do que o total de 8.346 denúncias registradas em 2024. Este aumento dramático evidencia a necessidade urgente de intervenção e conscientização.
Um caso recente ocorrido em Barreiras, no oeste baiano, ilustra a gravidade da situação. Uma idosa de 78 anos, acamada e com dificuldades de comunicação, foi brutalmente agredida por sua própria cuidadora. A agressora foi presa, mas este incidente reforça a importância de famílias e autoridades tomarem medidas preventivas.
Irá Souza dos Santos, técnica de enfermagem e cuidadora de idosos, enfatiza a complexidade do trabalho nesta área. Ela destaca que cuidadores devem ser “depósitos de amor, carinho, cuidado e respeito” pelos idosos. Segundo ela, é crucial entender as necessidades específicas de cada idoso e oferecer o melhor cuidado possível. A cuidadora expressa seu desespero diante de situações como a de Barreiras, onde a vulnerabilidade dos idosos é claramente explorada.
A atenção aos antecedentes e histórico dos profissionais de cuidados também é fundamental. Irá sugere que famílias e instituições de apoio devem realizar verificações rigorosas antes de contratar cuidadores. A vigilância e a responsabilidade coletiva são essenciais para proteger os idosos e garantir que eles recebam o tratamento digno que merecem.
“É importante também não esquecer que a vigilância é necessária, assim como uma rotina de visitas inesperadas na casa onde o idoso está. Os sinais físicos e comportamentais do idoso também precisam de atenção, pois mesmo que ele não consiga verbalizar algo que tenha acontecido, os olhares, expressões de tristeza, maiores agitações e falta de apetite, por exemplo, podem indicar que algo não vai bem. É preciso conviver com esse idoso, isso é muito importante, assim como as câmeras de segurança também ajudam muito”, aconselha Irá Souza dos Santos. E foram justo os sinais físicos em Lidia Linhares, a idosa agredida por cuidador em Barreiras, que alertaram.
A descoberta das marcas roxas no corpo da idosa gerou uma investigação intensa por parte da família, que instalou câmeras na residência para monitorar as ações da cuidadora. As gravações revelaram cenas perturbadoras, incluindo gritos, empurrões e até a cuidadora apertando o pescoço da idosa. Diante desses fatos, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) instaurou um inquérito policial para esclarecer o caso.
A família registrou um boletim de ocorrência na última quinta-feira, iniciando assim o processo investigativo. Durante as primeiras diligências, familiares da vítima e a suspeita, uma mulher de 56 anos, foram ouvidos. Após a coleta de todas as informações necessárias, a Justiça autorizou a prisão preventiva da cuidadora.
No último domingo, policiais da Coordenação de Apoio Técnico e Tático à Investigação (Catti/Oeste) cumpriram o mandado de prisão contra a cuidadora. Este caso serve como um alerta sobre a importância da vigilância e da denúncia em situações de abuso contra idosos, bem como da atuação rápida das autoridades competentes para garantir a proteção e o direito à dignidade desses cidadãos vulneráveis.
A 6ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, organizada pelo CMPI, está programada para os dias 6 e 7 de junho, no Instituto Federal da Bahia (IFBA). Este evento promete ser um espaço de diálogo e discussão sobre as políticas públicas voltadas aos idosos e suas necessidades específicas. A conferência reúne diversos atores importantes na construção de uma sociedade mais inclusiva e solidária, incluindo instituições, profissionais do cuidado e, naturalmente, os próprios idosos e seus familiares.
O objetivo principal da conferência é proporcionar um ambiente propício para a troca de experiências e ideias entre todos os participantes. Profissionais da área de saúde, assistentes sociais, psicólogos e outros especialistas terão a oportunidade de compartilhar suas perspectivas e contribuir com soluções inovadoras. Além disso, a participação dos idosos e seus familiares é fundamental, pois permite que suas vozes sejam ouvidas e suas demandas sejam levadas em consideração.
Durante os dois dias de evento, serão realizadas mesas-redondas, debates e oficinas que abordarão temas como a acessibilidade urbana, a prevenção de violência contra idosos, a importância da educação continuada e a promoção da autonomia. Esses assuntos são cruciais para garantir que os idosos possam desfrutar de uma qualidade de vida adequada e digna.
A realização desta conferência reflete o compromisso do CMPI em promover a cidadania e o bem-estar dos idosos. Ao trazer juntos diferentes segmentos da sociedade, o evento busca fortalecer a rede de apoio aos idosos e incentivar a implementação de políticas públicas mais eficazes. É uma oportunidade única para construir um futuro melhor para todos nós, especialmente para aqueles que já vivem ou estão próximos de viver essa fase da vida.